terça-feira, 13 de março de 2012

Como n Sei Fazer uma Ode, Fiz este Texto em Memória de Minha Amiga Tereza


Depois da viajem, BH – PEÇANHA, MG, BRASIL, 09 mar 2012, troca-se de roupa e se vai para velório de uma amiga falecida (08 mar), a Tereza Gandra. Na sala, da residência de Tereza, sua irmã Zita e seu afilhado Talisson, a visitação do corpo. Este escriba passa direto, sua irmã fica assentada em uma cadeira da Copa, vizinha a sala. Berna passa da sala para cozinha, depois desce até o quintal, neste ínterim cumprimenta parentes da falecida e amigos (as) dela e dele. Depois fuma, lá no quintal..
 Já na rua, em frente a casa, vê o caixão descer a escada, entrar num rabecão branco e partir. Segue o cortejo, a irmã de Berna de táxi, ele a pé junto com inúmeras outras pessoas.
O cortejo entra na igreja, é celebrada uma cerimônia, oficiada pela Ray, q é ministro da eucaristia.
Sobe o cortejo, sobe-se mui, o terreno do cemitério, também, é uma ladeira, assim foi como se se estivesse levando nossa amiga pru céu!
Quando a noticia, do falecimento de Tereza, chegou em BH , Berna se surpreendeu, mas n se assustou, pois a mesma era cardíaca há mui e nunca ligou pra coisa....mas nestas situações a mente voa ou voa-se pela mente, obviamente , algo diferente, do pensamento racional, entra-se numa espécie meditação, devaneio ou sai-se de si e voa...
Na quaresma se fala em lobisomens, Tereza logo depois do Carnaval, falou deles para o Berna, só q o lobisomem lá do PEÇANHA, era (é) metade porco, metade homem, acho até , q segundo ela descreveu era (é) + porco do q homem. Além do porcosomem, ela falou do “Dono da Rua”, um fantasma q depois da meia noite saia (sai) pela rua afora estalando um chicote.
Eu n conhecia o “Dono da Rua”, mas esta espécie de realismo fantástico é mui própria do Peçanha, além de outros casos fantásticos de façanhas de pessoas e bichos, que vão sendo recriadas na fala de cada contador (a) de história. Tem-se assim uma espécie de mitologia dinâmica do lugar.
            Além da mitologia se tem as histórias reais, umas lúdicas, outras de façanhas, outras as duas coisas, claro, q estes casos passam pelo floreado de quem os narra. Os personagens são os heróis, mui vezes anti-heróis de nossa cidade. Casos e lugares já viraram livros, como: “PEÇANHA, O Centro do Universo” de Pedro Cardoso, o Pedrinho da Carmelita e a “Rua do Quenta Sol”, de Antônio Celso Alves Pereira.
            Neste clima, dos santos, duendes, heróis, anti-heróis, sobe-se o morro meditando, no centro das meditações a Tereza, com seus casos, com a sua bondade despojada e debochada, com os seus inúmeros (as) afilhados (as), seus agregados (as), para quem vivia a dar um jeitinho, quebrando galhos daqui e dali, talvez até, esquecendo-se de si.
            Td sobre a cidade, era Tereza, q sabia, telefones, serviços, onde se entrava cebolinha, qq coisa, era só lidar pra ela....e caso resolvido! Uma dos últimos favores de Tereza para Ray, foi cessão de uma lâmpada, só q a mesma estava quente, ou seja, ela tirou uma lâmpada, q estava sendo usada na sua casa, para servir à amiga.
            Tereza tinha um discurso mui próprio das coisas da terra, mui realismo fantástico, passava do discurso ao ato na maior, sem ligar mui com “imagens pru exterior”, entonces, foi nesta doce loucura, q ela produziu boa parte do visual das primeiras saídas do “Bloco dos Sujos”, além de sair com a turma desde o primeiro arrasto, sem pestanejar... minha irmã Maria Quitéria (falecida), cuja a casa saia o Bloco, ria a bandeiras despregadas, rachava os bico!!!
            Tereza era performática, com a tesoura, no pincel, na costura, em poucos minutos, como um músico de jazz cria um acorde, ela recortava figuras, q lhe eram pedidas, para enfeitar fantasias, pintava estandartes, camisas, o q fosse, cortava (sem molde) e costurava fantasias, em tmt, cetim, algodão, o q fosse e ainda customizava fantasias velhas. e maquiava quem quisesse ser maquiado(a).  
Era uma artista... celta vez, fez um estandarte tão lindo,q uma moça se apaixonou por ele, grudou nele e saiu sambando na frente do Bloco, acredita-se q a moça continua sambando até hoje, pois nunca + a vimos....nem o estandarte!
Dizem os entendidos, q os animais na natureza, n fazem distinção entre a natureza e eles, é  td uma coisa só. Creio q em celtos nichos culturais, dá-se a mesma coisa. Depois q terminou o sepultamento, quando a maioria das pessoas já havia descido para o Centro, peguei o celular e vim fotografando(*), prédio, ruas, paisagens, meditava sobre a “pátria imaginária”, q  habita em vários peçanhenses, fotografava e me lembrava de casos e gentes, era como se todos e td estivesse ali, na poética de cada casa, ruas e paisagens, veio-me uma espécie de insinght, Tereza estava ali, n + como personagem, mas como personalidade da cultura popular do “Centro do Universo”....naquele céu de significantes, no éter, amém!
Salve a Tereza!

(*) álbum (De volta, do cemitério para o Centro da cidade de PEÇANHA MG BRASIL) no canto esquerdo, na parte de cima do blog.



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